segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Memórias do que não vivi




Hoje é daqueles dias que precisam ficar registrados.

Memória nunca foi meu forte, mas pensando justamente em coisas das quais gostaria de me lembrar no futuro, preciso registrar o dia de hoje.

Estou há 21 dias sem meu celular. Ele se foi pra não mais voltar. Passados os primeiros dias de abstinência (sim, eu quase surtei), hoje só sei há quantos dias estou sem porque parei pra contar pra iniciar esse post. Ainda sinto falta dele pra algumas coisas, mas vejo os sinais daquela dependência indo embora.

Todavia, em virtude de estar sem ele, tenho me comunicado com “o mundo” através do computador. Assim, uma das primeiras coisas que faço ao chegar em casa é ligar o pc pra saber quem me procurou nesse tempo. Afinal, eu “preciso” dar atenção a essas pessoas.

Era mais um desses momentos, quando meu pai veio até o meu quarto pra conversar comigo sobre como foi meu dia e sobre as coisas que eu pretendia fazer amanhã. Eu, concentrada no que estava vendo no pc, sequer olhei pra ele e respondi tudo mais ou menos. Ele, permaneceu ouvindo, fez massagem no meu pé e em seguida disse que me amava e saiu do quarto.

Passados alguns minutos... o Espírito Santo me constrangeu de um jeito avassalador... Só consegui pensar: o que eu to fazendo?!

No dia 7/2, minha amada pastora pregou uma mensagem top sobre a necessidade do olhar, da profundidade dos relacionamentos e de quanto temos perdido por viver apenas a superficialidade da vida online. Naquele dia, quase morri de chorar com algumas coisas que identifiquei de cara que precisaria mudar, mas também fui alertada de que seria apenas o começo.

Na pegada de Hebreus 12:6 que diz que Deus corrige o filho que ama, eu disse amém e pedi que Ele me ajudasse a ficar alerta e a corresponder a isso. Ainda assim, enquanto eu respondia meu pai da forma como descrevi, eu não havia ligado os pontos.

Ele precisou me alertar!

Ele me disse: olha o que você está perdendo fora do pc!

Comecei a pensar no quanto sou privilegiada por ter pais que se preocupam sobre como foi o meu dia... aliás, eles fazem isso desde a minha infância. Os caminhos de casa pra escola e da escola pra casa sempre foram nosso tempo de qualidade.

Pensei em quantas pessoas desejariam dividir com sua família as expectativas sobre o dia seguinte e não podem fazê-lo por não terem mais com quem compartilhar, ou porque não há interesse daqueles com os quais convivem.

Pensei nas coisas que desejo poder contar aos meus filhos um dia e definitivamente além de querer que eles conheçam o Deus que eu sirvo, quero que eles saibam o quanto seus avós e tia são extraordinários! Mas falarei sobre o que se deixar passar momentos como esses que descrevem quem eles realmente são?!

Falar das coisas que conquistamos será legal, mas dizer a eles que aprendi a ouvi-los, porque meus pais o faziam, é ainda melhor!

Falar dos lugares onde fomos será bom, mas descrever como éramos capazes de demonstrar amor nos momentos simples será maravilhoso!

Chorei, desidratei... tentei tomar fôlego e fui até meus pais. Eles ficaram assustados porque eu estava “bem” quando cheguei, mas calmamente esperaram até que eu conseguisse falar. Pedi perdão e descrevi tudo o que havia entendido com essa situação. Eles se emocionaram, e me lembraram que ainda dá tempo de corrigir. =)
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Sabe, algumas vezes paramos pra refletir sobre isso apenas quando perdemos alguém que amamos e aí a reflexão vem acompanhada de pesar. Minha oração é pra que você e eu possamos estar alertas e não esperar as perdas pra valorizar o que temos.

Esse post é pra dizer que a internet é do capiroto ??? Não! Até porque você só está lendo ele por podermos contar com ela. (só não façamos dela nossa prioridade)

No entanto, gostaria que ele ficasse registrado pra que: primeiro, todas as vezes que eu me pegar na superficialidade, lembre do desespero e da vergonha que senti por não valorizar momentos reais; e segundo, pra que como eu fiz hoje, você possa refletir se tem dado qualidade a vida.

Minha família não é perfeita! Você nunca nos verá convivendo como aqueles comerciais de margarina. Mas como costumo dizer (e Deus costuma me lembrar nos meus dias revoltados): o que nos une é mais forte do que qualquer coisa que pudesse tentar nos separar!

E uma das coisas que estou certa que fomos #chamadospraser é família!

Esse é um dos primeiros projetos de Deus! Ele ama reunir pessoas e dividir com elas uma das suas maiores características: o amor!

Entonces, dá uma olhada pra vida fora do pc, do smartphone, e de qualquer outra coisa que venha te distraindo e aprenda a curtir (e ser grato) pela família e amigos com os quais você tem sido presenteado.

Não corra o risco de guardar na memória apenas momentos que desejaria ter vivido, mas que deixou passar.

“... Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?” (1 João 4:20)

Seja a expressão desse amor na vida das pessoas! Esteja presente!

;)

Um comentário:

Carneiro disse...

Sensacional. =)

Tudo que se tornar prioridade na nossa vida, acima de Deus, família, ministério e trabalho (nessa ordem), é distração, é vil.

Deus te abençoe!