Quem
é velho na igreja conhece... Canta comigo!
“Eu
reclamo por tudo o que não tenho
Dos amigos,
família e dos meus irmãos
Do
salário, de janeiro a janeiro
Isso
tudo pra não falar da comissããããããão
Refrão:
iê iêêê... iêooooua...
Reclamarei
do Senhor em todo tempo
O
rancor estará continuamente
Em
meus olhos e também na murmuração
Jesus
Cristo, reconheça a minha afliçãããããão...”
É eu
também prefiro a letra do Adhemar de Campos...rsrsrs Além de rimar melhor, fala
do que deveria ser a nossa vida. Já a minha paródia fala muitas vezes do que é
a nossa vida. Acredite, Deus usou isso pra falar comigo!
Essa
semana Deus tem falado comigo sobre ser grata e me convidado a observar minha
vida. Cara, fiquei impressionada com a minha capacidade de reclamar de tudo.
Não chego a ser um Lippy e Hardy, que fica o dia todo falando “oh céus, oh
vida... oh azar”, mas me assustei com a rapidez com que identifico e comento
sobre o que está dando errado.
Se
está calor, se está frio, se não tenho nada pra fazer, se tenho tudo e mais um
pouco, (acrescente aqui tudo o que veio a sua mente sobre isso), etc.
Senti
muita vergonha! Não curto “reclamões” e “reclamonas” e agora a reclamação em
pessoa me encontrava no espelho na hora de escovar os dentes.
Um
dos textos que Ele usou foi Filipenses 4:12–13 (NVI): “Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e
qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito ou passando necessidade.
Tudo posso naquele que me fortalece.”
Fiquei
pensando sobre o que seria esse segredo que Paulo citava. Sim, eu já li esse
texto inúmeras vezes e também já ouvi diversas ministrações a respeito, mas
tenho tentado experimentar a palavra viva e eficaz (Hb 4:12) no meu dia a dia.
Se é
um segredo, significa que a maior parte das pessoas não descobriu do que se
trata.
Paulo
não apenas sabia que o certo era focar o Cristo, mas ele de fato vivia isso.
Não era teoria, mas uma realidade na vida dele. Viver a vida de Cristo em nós é
o segredo! Mas quem consegue?
Você
não consegue, mas não se menospreze a capacidade não vem de você. O mesmo Deus
que trabalhou no caráter de Paulo, é imutável e plenamente capaz de transformar
cada um de nós, mas pra isso é preciso que em nós haja o mesmo desejo de
transformação que existia em Paulo.
Outro
segredo é observar a realidade ao redor. Você vai se surpreender com o que vai
encontrar ao tirar o foco do seu umbigo e olhar pras dificuldades alheias.
Aprendo muito sobre isso no Sopão. Aquelas pessoas sabem encontrar motivos pra
sorrir mesmo que pra isso tenham que transpor barreiras muito maiores do que as
minhas.
Eu
não poderia deixar de citar a questão da reclamação na perspectiva do viver em
Igreja. Pense numa pessoa que já foi extremamente crítica neste sentido?! Sou
eu.
Sou
grata pela vida do meu antigo pastor que com muito amor e paciência ouvia todos
os meus apontamentos e depois dizia: Vamos orar. E aí deixava Deus fazer o
trabalho de convencimento comigo. Ele não precisava se defender. Nem mesmo
Jesus precisava, mas mesmo assim, com amor tirava a trave do meu olho e me
ajudava a perceber que o problema estava em quem enxergava e não para onde
olhava.
Quantos
de nós ao invés de aproveitarmos a doce presença do Senhor, ficamos reparando
nas pessoas, no “roteiro” do culto ou da pregação, ou olhando a grama do
vizinho e dizendo “lá tem mais liberdade, aqui só me julgam”, ou “se tivéssemos
o grupo de louvor de tal igreja, as coisas seriam diferentes”...
Acho
que se tivéssemos uma conversa de 5 minutos com algum cristão que vive em um
país onde a perseguição não é apenas história, mas realidade, finalmente
entenderíamos o tamanho do nosso privilégio. Aliás, “privilegiados” é o termo
que eles mesmos usam pra se descrever por poderem ser perseguidos por amor a
Cristo.
Em
certa conversa com uma amiga que foi ao Haiti, que vivia um cenário pós-catástrofes
e eminência constante de guerra civil, lembro como ela descrevia o quanto
aquela experiência havia impactado sua vida. Os cristãos daquele lugar viajavam
a pé por horas pra chegar aos cultos, ficar ali por pouco tempo e depois fazer
todo o trajeto de volta. A maioria tinha ficado órfão ou perdido toda a
família. Não tinham emprego, nem qualquer outro bem, mas isso não os impedia. O
lugar era pequeno, muitos deles precisavam ficar atrás de pilastras e não enxergavam
nada do que acontecia no “púlpito”, mas o simples fato de poder prestar
louvores a Deus e ouvir Sua palavra, os fazia cantar empolgados e não trocar
aquele pedacinho de chão por nada. O calor era insuportável e por isso os cultos
precisavam começar cedo para não prejudicar ninguém. Não havia estrutura
física, nem instrumentos de qualidade. Ar condicionado? Esqueça! Mas a presença
de Deus era quase palpável.
Será mesmo
que tudo o que apontamos de defeito na Igreja é suficiente para nos impedir de
cultuá-lo?
Esse
texto não é um convite ao conformismo ou para que você viva a utopia de um
mundo perfeito, pois voltando a Paulo, ele não ignorava as circunstâncias, mas
aprendeu a olhar acima delas.
Também
não é um discurso de quem já está conseguindo viver plenamente essa palavra,
mas de alguém que aceitou tirar a trave do olho, reconheceu seu pecado e tem
tentado ser grata em todo tempo.
Tente!
Abraços
e que Deus os abençoe.